quarta-feira, 11 de outubro de 2017

O Estamento Burocrático e a Sociedade

Com a chegada das caravelas portuguesas no Brasil, no ano de 1500 até a Nova República, instituída no ano de 1985, o poder do Estamento burocrático desenvolveu-se a passos largos. O avançamento do poder estatal sobre as vidas dos indivíduos, tornou-se lamentavelmente numa coisa normal e cotidiana, o resultado disso foi o “apequenamento” do brasileiro diante da descomunal foça e tamanho do Estado. 

Ao analisarmos com afinco a formação do país até o advento da mentalidade republicana, o Estamento galgou livremente o poder central e absoluto nos últimos séculos, seus tentáculos alastraram-se pelos territórios, transformando tudo numa parte do Estado. Donde havia antes a liberdade, agora há a força de império do Estado moderno. O Estado tornou-se inimigo número 1° da liberdade e da sociedade brasileira, seus poderes, obtidos legalmente e ilegalmente são, na boa maioria das vezes, divinos. Assim, o seu poder de mandar e desmandar marcha ferozmente em direção ao controle da vida social e particular, as ações humanas e os pensamentos desumanizaram-se e burocratizaram-se, fazendo com que o imaginário social girasse diante do Estado onipresente e onisciente.

Nada consegue escapar dos tentáculos do Estamento, deixando quase tudo em seu domínio, o que é particular no Brasil, acaba sendo pautado pelas normas do Estado e pelos agentes dele. Privatizações no país acabam sendo na esmagadora das vezes um repasse de empresas estatais para agentes do Estado, uma troca de presentes. Há também o patrimonialismo, no qual os amigos do Estado obtêm ilegalmente e as vezes legalmente partes do Estado para monopolizar. Como bem disse o filósofo Olavo de Carvalho: "Aconteça o que acontecer, o poder do Estado na modernidade sempre cresce por este meio ou por aquele meio". A mentalidade estatal que na sua estrutura possui fortemente o espírito totalitarista e autoritarista, moldando nos últimos tempos um ser chamado: O Estado Todo-poderoso; calar e cercear as ações individuais e suas possíveis ações, levaram ao poder do Estado a ser avassalador e onipresente. 

A Estamento burocrático, segue uma linha em que se emprega ações de pura brutalidade, onde consegue fazer valer livremente o seu poder de império, tal postura de brutalidade exacerbada foi formulada graças a mentalidade revolucionaria e modernista de conquistar os seres humanos como se fossem objetos inanimados, no qual você pode molda-los ao seu bel prazer e cultivados como plantas. Aos olhos de um simples cidadão, tudo isso não passa de uma teoria que extrapola a sanidade mental, seu fundamento e modus operandi é calcado no sistema de aniquilamento do ser humano. Todavia, essa formação tática é desapercebida da maioria da população, sua estrutura de morte é ocultada pelos agentes estatais. O Estado moderno é uma religião secularizada, do qual sua sanha mania é ver-se como deus. 

O homem bom e atento, ao notar que está participando de uma trama maligna e perversa, busca meios de alertar os demais e assim, de enfrentar o poder estatal brutal, daí que surge nessa saga, duas posturas básicas: o acovardamento e a loucura. A sociedade cega busca ocultar ou colocar chavões no atento, e assim, a escalada de terror criado pelo Estado amplia-se formidavelmente diante da sociedade fragmentada. O cano da arma estatal vai amedrontando os seus inimigos e até amigos, ao ponto de boa parte do tecido social ausentar-se da luta por menos controle em sua vida e de mais liberdade. Os falsos lutadores do Estado, que empregam um combate no qual fingem bater, visam uma coisa básica: fomentação do poder estatal sobre a vida humana e na sua. Denominam-se como: degenerados da sociedade. Como bem escreveu o historiador Hans-Hermann Hoppe: "O estado atual de degradação moral, de desintegração social e de podridão cultural é precisamente o resultado de uma tolerância demasiada e, acima de tudo, errônea e equivocada. Ao invés de todos os habituais democratas, comunistas e adeptos de estilos de vida alternativos serem rapidamente isolados, excluídos e expulsos da civilização (de acordo com os princípios dos contratos), eles são tolerados pela sociedade".

O Brasil é dividido e permanecerá dividido entre: os bons e maus brasileiros. A perversão, degeneração e maldade consumiu alguns por completo. Já outros, o trabalho duro, honesto e verdadeiro, tomaram o seu ser por completo. Vemos todo santo dia os burocratas degenerados do Estado combatendo a sociedade, abusando descaradamente do homem sério, trabalhador e honesto. Abusam, sem piedade e temor, pois sabem que a resposta é quase nula, assim, afrontam todos os mecanismos sociais, a tradição social e, principalmente, a Civilização Ocidental. Nada é respeitado, mas sim, violentado pelos bárbaros que existem dentro dos muros da civilização. Desta forma, erigiu-se o esquema de ação do Estado forte e poderoso, cujo sistema emprega os mecanismos mais sórdidos para controlar e cercear ambas as partes, visando o controle tanto dos seus "cachorros adestrados", quanto da sociedade que não quer o poder estatal em suas vidas. O Estado, no mundo moderno, ganha mais e mais poder, tornando-se muito mais que autoritário e totalitário, mas um deus maldito. 

O Estamento sabe que seu inimigo é, e sempre será o povo brasileiro, seu combate deve-se mirar com foco preciso e muito bem direcionado na família e a todos os costumes que ela possui, com foco máximo nos valores, na religião, no idioma, no direito, na cultura, etc. Colocar tudo no chão, transformando todo o passado num cemitério, é o objetivo deles. O processo de destruição deve utilizar-se de tudo para obter-se o tal do objetivo, de tal modo, o mundo viu as posturas e ações mais nefastas surgirem para dominar e conquistar as civilizações. Tais táticas de implosão do mundo cristão serão feitas via Estado, que em subversão após subversão, poderá sedimentar e fragmentar as bases sociais, estilhaçando a sociedade em vários cacos de vidro, viabilizando e agilizando o processo de aniquilamento das famílias. Os valores morais da sociedade e a ética individual, são na maioria das vezes, invisíveis para o Estado. Ser errado e ser covarde é ser revolucionário. É, lamentavelmente, uma coisa louvável, digno de palmas. Ledo engano de quem acredita nisso, aliás, o certo seria: pobre mente degenerada que crê nisso. A inversão dos valores é um dos principais carros de batalha para a subversão, fomentando-se “novos” valores sociais, onde a perversão toma conta da cultura.

O totalitarismo estatal deu-se pela revolução, implodindo-se a ordem antiga (Société d'Ancien Régime) e a criação da nova era, do novo homem e do novo regime, emancipador de homens e de ideias. Uma alvorada radiante iria emergir, onde a luz e a razão tomaria todos os cantos do mundo, emancipando o ser humano dos grilhões totalitários e autoritários, uma era idílica aos sonhadores dos salões nobres. Tudo lindo e pomposo, tão pomposo que se desmanchou na primeira chuva de sangue para construir isso tudo. Como bem disse o filósofo Edmund Burke no seu livro Reflexões Sobre a Revolução na França: "As circunstâncias, as ocasiões, as provocações ensinarão suas próprias lições. Os sábios determinarão pela gravidade do caso; os imprudentes, por sensibilidade à opressão; os espíritos elevados, por desprezo e indignação diante de poder abusivo em mãos indignas; os corajosos e audaciosos, por amor ao perigo ilustre em uma causa generosa: mas, certa ou errada, uma revolução será o último recurso de homens refletidos e virtuosos".

Das revoluções gloriosas, onde a lamina da guilhotina não parava de trabalhar até as revoluções dos últimos séculos, quase nada mudou. O modus operandi de total terror na sociedade, a sedimentando e conquistando-a é bem parecido, aliás, a mudança real das revoluções antigas para as revoluções modernas é que a estratégia para matar é mais eficaz. Destruir tudo e substituir o que foi destruído, eis a formula dos revolucionários. Onde antes havia a Monarquia, agora há República, com uma coisa que falhou terrivelmente chamada de democracia. "O século XX - a era da democracia - deve ser classificada entre os períodos mais sangrentos e assassinos de toda a história humana". Utiliza-se muito nos regimes revolucionários e no imaginário dos bárbaros, chavões onde há palavras bonitas, mas que na realidade não têm nada de bonito. Vide as três palavras da Revolução de 1789: Liberté, Égalité, Fraternité ou la mort. Onde antes empregava-se a palavra Monarquia, hoje emprega-se como Absolutista, onde imperava-se o puro totalitarismo do rei e o povo era brutalmente escravizado, ou seja, a velha política esquerdista do opressor e oprimido.

O Estamento burocrático desde o seu advento nas terras brasileiras até o século XXI, sempre agiu de forma brutal, uma brutalidade feia e maquiavélica, só que é escamoteado com uma pintura e panos decadentes, tentando sempre ocultar a face feia da criatura. É uma espécie de retrato de Dorian Gray, no exterior é majestoso, mas por dentro é horrendo. Oculta-se as intenções e mostra-se sempre amigável, assim porta-se o Estado na sociedade, enganando-a e iludindo-a. Todavia, a real face foi exemplificada pelo sociólogo Raymundo Faoro: "O estamento burocrático desenvolve padrões típicos de conduta ante a mudança interna e no ajustamento à ordem internacional. Gravitando em órbita própria não atrai, para fundir-se, o elemento de baixo, vindo de todas as classes. Em lugar de integrar, comanda; não conduz, mas governa. Incorpora as gerações necessárias ao seu serviço, valorizando pedagógica e autoritariamente as reservas para seus quadros, cooptando-os, com a marca de seu cunho tradicional."

O Estamento tenta parecer ser uma figura presente no cotidiano dos brasileiros, uma figuração teatral que é tão bem realizado, que chega ao ponto de ser enjoativo, um espetáculo a céu aberto do seu poder totalitarista nas ruas das cidades. Assim, nessa festa bufa os transeuntes acabam sendo cooptados a engessar nesse espetáculo. Só que na realidade, o Estamento não desse nas baixas esferas, não gosta de misturar-se com a sociedade, abandonado à própria sorte. Basta ver como anda os “servições” que o Estado alega servir ao indivíduo, a saúde pública pior que os hospitais da Primeira Guerra Mundial, a segurança pior que no campo de batalha da Segunda Guerra Mundial, a educação pior que da África, e assim vai a lista triste e terrível do sistema público do Brasil. Nada funciona como deveria. O que funciona num padrão de excelência é restrito aos membros do Estamento, ou seja, o atual Brasil vive numa elitização social brutal, quem pertence ao Estado, possui as mais diferentes benesses que o dinheiro pode pagar, já aqueles que não entregam as altas classes, ganham os piores serviços do mundo. É um país onde existe uma divisão assustadora, onde o fator determinante é quem é estatal e quem não é estatal.

O Estamento burocrático no Brasil primeiro fragmentou a sociedade em vários blocos antagônicos, onde surgiu as piores coisas que um país pode ter, basta rever os últimos séculos da história nacional. Num segundo momento veios a mentalidade republicana de esquerda, onde estilhaçou por completo o país. Do Mensalão ao Petrolão, a história só piora e brutaliza-se, os ricaços que fizeram parcerias com o poder estatal, e políticos que viabilizaram tanto dinheiro público e leis para beneficiar esses amigos, mostram que para (sobre)viver no Brasil do século XXI é necessário pertencer de alguma forma ao Estamento burocrático. Aqueles que não fazem parte do círculo do poder e não são amigos dos donos do poder, sofrem as piores coisas possíveis. O Brasil não é para amadores. 


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