quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Tu Que Não Puedes

A classe dirigente do Brasil situa-se no Olimpo de uma máquina política velha e carcomida pelo tempo, vivem insulados dos brasileiros e da realidade do cotidiano. Dirigem o país longe dos olhares e das opiniões dos pagadores de altíssimos e extorsivos impostos, excluem-se de seus deveres e de resolver os anseios da sociedade, ausentando-se de representar o povo nas esferas superiores. Eles vivem num mundo que não condiz com a realidade das ruas brasileiras, usam e abusam das benesses e do alto luxo que lamentavelmente existe no Estado, parasitando ao ponto de transformar tudo numa obra de gesso.

Os olhares confundem-se pelo país afora, muitos olham de cima e poucos olham de baixo, transformando o cenário numa anarquia, no qual inexiste acordo e harmonia, a loucura tornou-se norma e lei no poder central. A plebe desconfia e teme os oligarcas, e estes seguem os mesmos sentimentos da plebe. Pode-se dizer que não há representação no Brasil, no máximo há um acordo muito mal feito entre os burocratas e os donos do poder, uma troca de favores entre a nomenclatura política e financeira que querem um pouco das benesses do poder. Querem algumas uvas e poder dizer em alto e bom som, em suas mansões, que possuem alguns contatos nas esferas superiores do país.

Conclui-se que a vil mentalidade republicana é e sempre será fora da realidade da sociedade brasileira e principalmente da realidade do Brasil. O Brasil segue um caminho e a República segue outro totalmente oposto, é uma espécie de quebra-de-braço fútil, do qual quem vence é quem mais joga no campo da desonestidade. Essa guerra particular que os donos do poder fazem com a nação, sempre esmagam os mais fracos, que são os que sustentam e mantem as engrenagens funcionando do país.

Sempre que surge alguma mudança no Estamento burocrático, fomenta-se mais uma ditadura nova e fortalece mais ainda o positivismo no Brasil, acentua-se também a decadência e a degeneração social e institucional. O país afunda-se mais na lama do pântano da história, pântano este que engole sem sentimentos as riquezas, glórias e feitos do Brasil. Joga-se nesse inferno o que se há de bom e promissor e ganha-se em troca o nada.

A tragédia que nos assola perece muito com o Mito de Sísifo, que diz que a República estará fadada a eternidade em repetir seus erros e desgraças, só que nessas quedas, quem sofre é o povo esquecido, violentado e odiado pelos "governantes". Repete-se a mesmice de sempre, um belo exemplo dessa repetição que sempre surge é a mudança política, pensar sobre mudança é sempre pensar em fazer o que aí está, só que com uma nova roupagem, escamoteada de nova e com muita propaganda estatal, tudo feito para pegar os desavisados e cansados trabalhadores das cidades caóticas do Brasil.

Nosso regime político é, para dizer bem às claras, fraudulento. Não há corretos balanços oficiais de suas ações e de seus gastos, os rombos que há nas finanças, tornaram-se infinitos e superáveis. Superar sempre nas gastanças do erário público. Roubo dos cofres públicos para sustentar o já combalido e decadente poder político, manter nas coleiras seus animais de estimação para sustentar-se no topo da República. É, sem dúvida a mesma desgraça de outrora, Temer, Dilma, Lula, FHC, etc., fazem, seguem e executam seus planos e objetivos de tomada de poder, representar e gerir bem o Brasil não é dever deles. Há nesse cenário, limpo e cristalino aos olhos de todos, um descompasso entre a classe política e a sociedade brasileira.

Agiganta-se diante de nós uma subida rápida e vertiginosa dos altos e pesados impostos, truculentos e extensivos, emperrando o avanço e progresso da nação brasileira. A classe que nos (des)governa, explora sem dó e sem piedade da miséria alheia, ficando uma cena que literalmente eles cavalgam em nossas costas, impondo uma carga desproporcional aos nossos bolsos. Nós, os trabalhadores, vítimas do Estamento burocrático, carregamos as duras penas o peso absurdo do Estado nos nossos lombos. Os impostos transformaram-se em montarias para os chefões sentar suas bundas pesadas em nós.

Em terras brasileiras, com o decorrer de nossas vidas, o homem sábio e atento, nota a duras penas e com muita dor pelo corpo e no espírito, que não se vive, mas que se sobrevive. Sobreviver ao terror das ruas violentas, que brutalizam e desumaniza as pobres almas. Sobreviver as torturas que o Estado faz com nós. Sobreviver é o que nos resta. Há em alguns e distantes locais da nação brasileira, um país menos pior. Sorte daqueles que ainda podem usufruir dessas fontes de beleza que ainda nos resta, pois, o avanço da desgraça e da decadência no Brasil não recua, avança como ondas bravias.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Fora, República!

Com o sistema republicano no Brasil, não haveria nação nem sociedade, mas a anarquia interna, instavelmente articulada, expondo-a perder de vista do cidadão. A roupagem que foi dada ao país, além de ser muito aquém da nação, não é de seu tamanho, é sem sombra de dúvida uma roupa ruim e curta, deixando sempre à mostra suas partes aos demais. O triste trajar de uma grande, rica e imponente nação, só que em trajes que não condiz com sua envergadura, eis o resultado da propaganda do sistema republicano no Brasil: tirar o certo e dar o duvidoso aos brasileiros.

Desta forma, triste e sofrível, o nosso país, sem meios de avançar pela vida, foi arrastando-se sem eira e nem beira. Tropeços, tombos, escorregões, etc., transformaram-se em rotinas nesta pobre e desgraçada nação. Feridas brotam pelo corpo, evidenciando aos demais transeuntes seus males, erros, equívocos e desgraças. Tudo é claro e cristalino aos demais, menos à alta classe, que recusa-se a afirmar que a nação vai de mal a pior e, no máximo, recomenda uma reforma ali, outra aqui e pronto. É o plano de fuga.

Há no sistema republicano uma "fome" insaciável de superar-se. Superação esta que não é gloriosa; muito pelo contrário, é a superação dos seus equívocos. Não há fundo no poço, há sempre terra a ser removida e, assim, chegar-se mais e mais fundo. A desgraça sem fim tornou-se algo cotidiano, pois não há mais uma norma que possa corrigir os desajustados e mostra-lhes o caminho reto e certo a ser percorrido. O que há são só os tortos e errados caminhos a serem percorridos - e como há as negras e vis veredas-. Corromper e corromper-se é, lamentavelmente, uma fé, é uma devoção dos maus brasileiros, que aviltam sem dó e sem piedade o Brasil. 

A construção do Brasil Nação, que vinha sendo paulatinamente erguido pelo ancien régime, foi desconstruído rapidamente nas primeiras décadas do novo regime, um estraçalhamento brutal e perverso do certo. A bota dos milicos republicanos pisou sem dó na muda monarquista, que vinha germinando com facilidade e felicidade pelas terras brasileiras. O que restou foi apenas um cenário de morte e guerra. Guerra esta que estava só por começar. Assim, instaurou-se o reino da anarquia, incerteza, instabilidade e crise. Tudo que era sólido, desmanchou-se na República. O sistema econômico, forte e pujante na Monarquia, foi erodido pelos republicanos. O erário público, restrito ao progresso da nação e só usado para o bem comum, foi no mais tardar corrompido, assaltado e usado para o bem individual.

O bem individual, dado sempre aos amigos do caudilho republicano, fez surgir o maldito e terrível coronelismo, rasgando o Brasil em pequenos feudos, onde o bem público transformou-se em bem individual e privado, ou, melhor dizendo, em bem familiar. O progresso ficou para um outro plano, bem longe da mesa do presidente. O projeto de uma civilização brasileira ficou naufragado nos manguezais fluminenses. O poder pelo poder, bem como o rápido e crescente fortalecimento do Estamento burocrático, emperrou de vez o país. A República brasileira é, sem sombra de dúvida, um dique que impede o avanço do Brasil. 

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Um Sonho Chamado: Totalitarismo

Parte II

Todo processo de decadência civilizacional é anunciado, só que esse anúncio de queda é sutil, não é evidenciado a todos os homens. Digamos que é uma brisa num deserto, tornado muito sutil aos viajantes. Assim, a queda é como uma folha da árvore, que lentamente vai caindo quando o outono vem chegando. Desta forma, ao olhar para a imensa e imponente árvore, o “homem massa” vê sua força, seus galhos altos e seu imponente tronco e, não nota que ela já está morta, está em uma queda vertiginosa e não há mais como voltar ao que já foi outrora. Não percebe que ela vive de um passado glorioso. O passado de uma exuberância e vitórias contra o mundo exterior.

O homem mundano, na boa maioria das vezes, fica maravilhado com as coisas terrenas, brutas e rusticas da vida que nos rodeiam, não percebe o interior das coisas belas e assim o sublime e a essência das coisas e formas nunca são apreciadas com uma atenção cirúrgica, ou seja, o homem torna-se um cego. Mas há aqueles em que possuem olhos atentos e treinados para achar as pérolas raras do mundo, são atraídas aos detalhes sutis que nos rondam e nos instiga. Graças aos atentos, muito ouro da civilização Ocidental foi preservado, criado e reinventado.

Há também aqueles que são traídos pelo mundo, pois muitos vão na sanha busca por se tornar um herói. Tal como foi Aquiles, que traçou seu destino de ir na Guerra de Troia, perdeu sua vida, mas lutou em busca da eternização de seu nome. É a marcha dos soldados pelo deserto da vida, onde os fracos vão tombando lentamente nas dunas e somente os fortes e perseverantes vão avançando.

Os sábios e os atentos ao atravessar o longo deserto da vida, buscam sempre ir no meio, bem escondidos das adversidades do exterior dos pelotões, assim, seu legado sobre a terra consegue milagrosamente perdurar, mantendo o espírito de sua família sobre o mundo. Tal como foram as civilizações antigas e os heróis do passado. Só que para manter isso, a vida irá exigir do guerreiro as chaves das coisas transcendentais do mundo. A religião, o patriarcalismo, as leis romanas, a filosofia grega, etc., o espírito civilizador deverá existir como base para o templo que será erguido pelo bravo homem. 

Desta forma, o legado da humanidade pode perdurar sobre o mundo e sobre o tempo. Uma postura imponente e majestosa sobre as almas, assustando-as e expulsando-as daquele local.

Certa feita, pude ler uma importante passagem da Bíblia – maravilhosa e importantíssima por sinal-, que conseguiu me marcar por muito tempo, a passagem é a seguinte: 

"O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol.  Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós.  Já não há lembrança das coisas que precederam, e das coisas que hão de ser também delas não haverá lembrança, entre os que hão de vir depois." Eclesiastes 3:15

Nada há de novo debaixo do sol. Os planos, ou melhor dizendo, os sonhos totalitários, no qual o estandarte do império vira uma hegemonia pelos campos infindáveis do mundo, não são de hoje, nem de amanhã, mas sim os velhos planos de controle. "Ora, o homem somente será perfeito quando for capaz de criar e destruir como Deus; destruir, ele já sabe, é meio caminho andado, realmente.1" A ânsia humana por querer ser Deus, e com isso poder erguer na Terra seu paraíso terreno é o velho sonho humano, se formos buscar isso, certamente chegaremos no assim dizer "inicio da história humana". 

Lá nos remotos tempos, no qual o homem via maravilhado nas noites frias da África, as estrelas, as constelações, a lua e os rastros de pó cósmico. A mais linda visão que o homem pode ter, e graças a Deus ainda pode ter. A visão onde os instintos mais primitivos florescem, a imaginação e a ambição corre solta.

Do deserto da África para os portões de Roma, muita coisa mudou na mente do homem ambicioso. O que antes era sonho, impossível de se tornar realidade na Terra, agora começa a virar realidade. Criar e destruir não é tão difícil como outrora. Como disse na primeira parte do texto, havia contido na frase do João Camilo três coisas de suma importância para o homem romano e para o homem contemporâneo. 

A primeira delas é: "O espírito romano - que constituía na construção e avanço do imenso império-, só se mantinha de pé graças às Leis Romanas, dando aos romanos combustível para marchar e dominar a Europa e a África, alimentando assim o sonho hegemônico do império." A expansão do Império Romano era alimentada pela ânsia de obras monumentais, obras faraônicas; erguer colossos de pedras para mostrar a força da Águia de Ouro Romana, e assim dominar e marcar posição nos mais distintos locais da Europa e da África. Do muro romano da Inglaterra a Dougga. Roma rasgou e marcou como um ferro quente todo o Mar Mediterrâneo. Marchar sempre em busca de novos horizontes. 

Certamente, se Roma não tivesse ruído no ano de 476 d. C., o mundo tal como conhecemos hoje seria totalmente diferente, seria um mundo latino. Possivelmente Roma teria inventado o sistema econômico capitalista, teria descoberto a América, teria uma só moeda e idioma dominante no mundo, etc., teríamos o que muitos querem para o nosso presente tempo. O plano de uma só moeda, um só idioma, uma só religião, ou seja, um mundo uno, no qual a ditadura seria democrática, o controle central e sem divergências entre as nações, no máximo entre províncias, pois tudo neste mundo é indivisível. 

As leis romanas, com sua ordem jurídica maravilhosa e complexa, uma ordem racional que vai dividindo das maiores leis para as menores leis, tornando assim, compreensível para todos romanos. Com essa obra única na história, possibilitou a conquista e preservação das mais diferentes culturas do mundo. Transformando o Império Romano num império “multi-religioso”, onde havia a religião de Roma e as demais religiões, que evidentemente eram engolidas lentamente pela religião estatal de Roma.

A segunda parte é: "O anúncio de morte do Império Romano, foi negado e deixado de lado, o "corpo" agonizou até não aguentar mais, pedindo misericórdia, mas tudo e todos fizeram de surdos e mudos." A decadência do imenso império e da sua riqueza religiosa, jurídica e cultural, foi graças ao lento centralismo estatal. Centralizar tudo e principalmente a economia em Roma, a tributação pesada nos mais diversos setores da economia romana, ao ponto de criar insatisfação, revoltas, guerras, etc. Foi o que o economista Arthur Laffer comprovou no século passado com "A Curva de Laffer", que diz que a taxação excessiva faz com que a arrecadação decaia depois de um certo ponto, visto que a taxação não é infinita, mas sim finita. Saber o seu fim é o X da questão e, esse ponto central Roma não soube achar. Jogando lentamente a economia do imenso império na lama.

Podemos dizer que os romanos negaram essa taxação e jogaram em pouco tempo o Império Romano na decadência. A máquina de guerra romana já não mais tinha dinheiro para “queimar” e impulsionar as pesadas engrenagens, que faziam o estandarte avançar sobre o mundo. A Águia de Ouro foi jogada no pântano da Gália e ali permaneceu. As hordas bárbaras, ao ver o Leviatã de cama, moribundo e sem mais a vitalidade de antes, não perderam a oportunidade de matar a fera. Os vermes foram corroendo o cadáver putrefato de Roma até chegar no seu coração, só que ao corroer o cadáver, a mentalidade romana impregnou todos os bárbaros, tornando-os os novos romanos. Nada há de novo debaixo do sol. A roda que parecia estar parando, começou a rodar novamente.

Na última parte do texto: "O sonho de uma hegemonia avassaladora, de uma nova era humana, no qual o passado será negado e apagado e o futuro, radiante e brilhante será o alvorecer do novo milênio." Com o fim da era romana, os bárbaros tornaram-se os novos romanos, levando até o século XV esse espírito. A era medieval, uma era intensa, do qual a luz nunca se apagava, uma era onde a inteligência humana nunca cessou e onde a criatividade e a beleza eram testadas todo o tempo. As guerras dos feudos contras outros feudos, numa busca por criar a nova Roma, foi o sonho totalitário de muitos reis europeus. A busca pela hegemonia do seu estandarte. 

Em suma, a decadência é anunciada aos homens atentos e esse aviso de queda é sempre o início de uma nova forma do Estado e da nação. O “corpo” de Roma descansa hoje nos museus, nos livros e nas mentes, mas seu espirito e sua mentalidade expansionista e imperialista vive como nunca nas mentes dos totalitaristas de nossa era. Nada de novo no front.

Bibliografia: 

1. O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas.