quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Fora, República!

Com o sistema republicano no Brasil, não haveria nação nem sociedade, mas a anarquia interna, instavelmente articulada, expondo-a perder de vista do cidadão. A roupagem que foi dada ao país, além de ser muito aquém da nação, não é de seu tamanho, é sem sombra de dúvida uma roupa ruim e curta, deixando sempre à mostra suas partes aos demais. O triste trajar de uma grande, rica e imponente nação, só que em trajes que não condiz com sua envergadura, eis o resultado da propaganda do sistema republicano no Brasil: tirar o certo e dar o duvidoso aos brasileiros.

Desta forma, triste e sofrível, o nosso país, sem meios de avançar pela vida, foi arrastando-se sem eira e nem beira. Tropeços, tombos, escorregões, etc., transformaram-se em rotinas nesta pobre e desgraçada nação. Feridas brotam pelo corpo, evidenciando aos demais transeuntes seus males, erros, equívocos e desgraças. Tudo é claro e cristalino aos demais, menos à alta classe, que recusa-se a afirmar que a nação vai de mal a pior e, no máximo, recomenda uma reforma ali, outra aqui e pronto. É o plano de fuga.

Há no sistema republicano uma "fome" insaciável de superar-se. Superação esta que não é gloriosa; muito pelo contrário, é a superação dos seus equívocos. Não há fundo no poço, há sempre terra a ser removida e, assim, chegar-se mais e mais fundo. A desgraça sem fim tornou-se algo cotidiano, pois não há mais uma norma que possa corrigir os desajustados e mostra-lhes o caminho reto e certo a ser percorrido. O que há são só os tortos e errados caminhos a serem percorridos - e como há as negras e vis veredas-. Corromper e corromper-se é, lamentavelmente, uma fé, é uma devoção dos maus brasileiros, que aviltam sem dó e sem piedade o Brasil. 

A construção do Brasil Nação, que vinha sendo paulatinamente erguido pelo ancien régime, foi desconstruído rapidamente nas primeiras décadas do novo regime, um estraçalhamento brutal e perverso do certo. A bota dos milicos republicanos pisou sem dó na muda monarquista, que vinha germinando com facilidade e felicidade pelas terras brasileiras. O que restou foi apenas um cenário de morte e guerra. Guerra esta que estava só por começar. Assim, instaurou-se o reino da anarquia, incerteza, instabilidade e crise. Tudo que era sólido, desmanchou-se na República. O sistema econômico, forte e pujante na Monarquia, foi erodido pelos republicanos. O erário público, restrito ao progresso da nação e só usado para o bem comum, foi no mais tardar corrompido, assaltado e usado para o bem individual.

O bem individual, dado sempre aos amigos do caudilho republicano, fez surgir o maldito e terrível coronelismo, rasgando o Brasil em pequenos feudos, onde o bem público transformou-se em bem individual e privado, ou, melhor dizendo, em bem familiar. O progresso ficou para um outro plano, bem longe da mesa do presidente. O projeto de uma civilização brasileira ficou naufragado nos manguezais fluminenses. O poder pelo poder, bem como o rápido e crescente fortalecimento do Estamento burocrático, emperrou de vez o país. A República brasileira é, sem sombra de dúvida, um dique que impede o avanço do Brasil. 

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