sábado, 10 de junho de 2017

Brasília: A Utopia Demoníaca

Brasília: A Utopia Demoníaca

A capital da nação brasileira é triste, caótica e utópica. É uma vasta imensidão de concreto, com designer "arrojado", com medidas pra lá e pra cá, mas tudo não passa de uma imensidão artificial, vazia, pobre e repugnante. O avião dos idílicos anos 60, que hoje jaz no deserto do planalto central. Um trambolho de concreto armado e ferros que ergueu no nada um tremendo monstro, que matou a política brasileira. A capital usurpou do povo brasileiro a representação legitima do povo, dando-nos um oásis onde vemos, de muito longe, o espectro da política. Vemos, chorosos, a política dos oligarcas e dos “metacapitalistas”, para os quais embolsar milhões não tem problema nenhum.

Brasília é um grande espetáculo de sombras, lotado de políticos com ‘p’ minúsculo, que acham que são os legítimos representantes da população brasileira, mas são balões e fantoches estúpidos de terno que vagam pelos corredores gelados e criminosos do congresso. De Brasília para o Brasil real há um abismo monstruoso, intransponível à maioria esmagadora dos políticos, sendo burlado por uma minoria de políticos que conseguem transitar pelas realidades brasileiras sem deixar de representar ou mostrar que é político do povo. 

O avião que nunca decolou do planalto é, e sempre será, uma ferida no centro do país, uma chaga na história nacional que tão cedo será resolvido. "Por toda parte a desolação. Esta região tinha um aspecto sinistro. Sobre o solo, assustador e inculto, não havia outros habitantes a não ser animais ferozes, serpentes e, finalmente, homens mais selvagens e cruéis que os animais.1

Há nessa utopia verde e amarelo um reino de brutalidade escondido de nós, os brasileiros. Vivemos a realidade, batalhamos todo santo dia por uma dignidade, enquanto que lá a grande maioria está a ranger dentes, bater nas costas, abrir aqueles largos sorrisos - que são mais fossas do que boca - para cumprimentar os demais parceiros dessa selva. É uma região inóspita para a maioria de nós.

O Distrito "Foderal", desde sua fundação até o nosso presente tempo, teve, na realidade, guardas, e não representantes do povo, no seio do qual existe realmente a política popular. O que há lá é a torre de controle de um imenso pátio. Pátio onde milhões de brasileiros vagam em busca do pão de cada dia e buscam trabalhar para sustentar os bandidos da capital. "Quando se é o único a viver no luxo e nos prazeres, enquanto à sua volta não há senão choro e lamentações, está-se cuidando de uma prisão, não de um reino.2"

Milhões e mais milhões clamam por segurança, saúde, saneamento básico, melhores condições de vida, trabalho, dignidade, etc., etc., etc. O que recebemos em troca? Os boletos do luxo gritante dos chefões do sistema burocrata. De 2 a 2 anos temos uma enxurrada de promessas de que farão isso e aquilo, que com eles vai se mudar para melhor, que com eles vai ser diferente, que com eles haverá esperança e dias melhores, e mais e mais promessas nos ouvidos dos transeuntes tristes. Assim, muitos políticos jogam seus confetes na população, visando sempre o benefício próprio e a sua perpetuação na utopia do poder.

Os governantes, todos eles que temos e tivemos, tornaram o Brasil pior. Atrasaram ao máximo possível o desenvolvimento de uma nação continental. O que já foi outrora um imenso e poderoso Império dos Trópicos, hoje é uma máquina enferrujada, abandonada, carcomida pelos vermes do sistema “Ré-públicano” que estraçalharam o que podiam. Aquele que defende fulano ou beltrano, ambos ladrões, ainda vive na escuridão densa que há nessa nação, é um pobre coitado que crê que Brasília e seus asseclas vão solucionar e melhorar o que eles mesmos destruíram, ou melhor dizendo, eles vão recuperar e dar vida  ao Brasil, sendo que é por meio da dela que sustenta o império do mal e do crime. O fato é que, nesse esquema, com seres hediondos, eles se alimentam de sua própria putrefação horripilante. 

O sistema que está aí necessita da pobreza para existir, visa somente a desgraça alheia para manter-se de pé. "Reinar sobre um povo de miseráveis é incompatível com a dignidade de um soberano, que tem o dever de exercer seu império sobre uma nação rica e feliz3". Os chefes do passado se investiram no poder para não o mais representar o povo, mas para representar sua classe, e assim ter o poder. É a longa luta das oligarquias contra o Estamento Burocrático, na qual quem luta mais e sabe como lutar ganha o passaporte rumo ao poder. 

Brasília é Nosso Inimigo Número Um!

Bibliografia:

1. A Utopia, de Thomas Morus.

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