terça-feira, 20 de junho de 2017

Um Sonho Chamado Totalitarismo

Um Sonho Chamado Totalitarismo 

Desde a queda do Império Romano, (queda esta que foi anunciada antes de sua derrocada) o homem ocidental contemporâneo vive em uma espécie de busca, ou resgate do que antes foi este avassalador império. Resgatar o espírito romano e colocar nos esqueletos e escombros do que hoje é chamado de civilização. É, sem sombra de dúvida, um sonho idílico, ou melhor dizendo, um sonho totalitário, beirando ao fanatismo hegemônico. Uma jornada para buscar e trazer ao nosso tempo as monumentais fileiras de legionários, o senado acalorado de Roma, as construções clássicas suntuosas, as bibliotecas abarrotadas de manuscritos, os mercados que tinham tudo do Mediterrâneo, entre outros. É um “revival” ambicioso demais para o homem.

Esse sonho, insano para uns e realidade para outros, é um dilema humano, ou melhor dizendo, um divisor de águas para o homem ocidental e para o homem antiocidental. Como bem disse João Camilo: "O Império Romano, cuja morte vinha sendo anunciada há séculos, permanece vivo nos sonhos de muitos, ou, talvez, como fantasma assombrando os sonhos dos homens. Seja como for, as preocupações de unificação, pela força ou pelo espírito, do gênero humano, continuam em luta contra as formas de patriotismo local.1"

Podemos, com essa brilhante frase do João Camilo, notar três coisas de suma importância para o nosso presente momento: 1°) O espirito romano - que constituía na construção e avanço do imenso império -, só mantinha-se de pé graças as Leis Romanas, dando ao seu povo combustível para marchar e dominar a Europa e a África, alimentando assim, o sonho hegemônico do império;  2°) O anúncio de morte do Império Romano foi negado e deixado de lado. O "corpo" agonizou até não aguentar mais, pedindo misericórdia, mas tudo e todos fizeram-se de surdos e mudos;  3°) O sonho de uma hegemonia avassaladora, de uma nova era humana, no qual o passado será negado e apagado. E o futuro, radiante e brilhante, será o alvorecer do novo milênio.

Esses três pontos contidos nessa "pequena" frase têm muito a nos mostrar. Há mais coisas nela do que podemos imaginar, e por isso, tentarei mostrar um pouco disso: todo homem é ambicioso, pois é este desejo que nos faz ir adiante, cria nossos objetivos do presente e do futuro. É graças a ambição que foram construídas as caldeiras colossais do Titanic, as ferrovias que rasgaram os continentes, foi através dela que se ergueu os castelos dos reis feudais, enfim, edificou o mundo como conhecemos. Num resumo breve: força para avançar.

Todavia, a ambição humana quando exagerada, só pode trazer coisas ruins, se torna descontrolada, não há freios para conter ela. Uma vez que dê partida nela, é ver e sentir ela te levar rumo ao objetivo programado - se vai chegar lá são e salvo é outra história -. Desta forma você avança no campo de batalha, onde bombas explodem sem cessar e tiros passam com centímetros de distância de seu corpo, você avança desesperado até as últimas consequências, avança com ira, adrenalina e ódio. É a corrida da sua vida.

Todo homem que desafia o medo, decide subir a escada para sair da trincheira e ir com o fuzil rumo aos inimigos, traçou o seu destino. Destino este que só Deus sabe e mais ninguém. Porém, nessa história eu irei contar: se tiver o infortúnio de ser abatido na subida ou no campo de batalha, não terá história para contar, deixará muitos com medo e, certamente deixará outros com mais disposição para avançar e vencer. Os que vão correndo em busca da vitória, almejam a supremacia de sua existência.

A história das nações é um campo de batalha. Desde Roma até o Brasil, as nações vêm se enfrentando costumeiramente. Umas morrem, outras crescem, outras se eternizam, etc., as nações almejam sempre a sua supremacia, as nações são imperialistas. O sonho nacionalista é ambicioso, pois o deus delas é Roma. O que Roma fez, eu quero fazer melhor. Assim, o espirito hegemônico e totalitarista avança sobre nós. O Estado que temos é brutal com nós, o povo, implacável com os fracos e amigável com seus "amigos" (o Estado não tem amigos, ele só troca favores de interesses momentâneos). "As nossas leis não procuram realizar o bem comum racionalmente estabelecido, mas sim atender a pedidos e reivindicações de grupos. O governo não ministra justiça; faz favores2".

As leis que temos é para proteger as criaturas do Estamento Burocrático, são mecanismos de fugas para sua existência ad infinitum e assim, poder circular livremente pela nação sem temer represálias. 

No Brasil, por exemplo, quem é mais igual que a maioria, ganha as leis maravilhosas, que são dadas somente aos que tem "rabo enrolado". Os favores que o Estamento dá aos seus amigos é sempre para manter o sistema e em casos raros (como o sistema atual), ou seja, é a pura manutenção do sistema. Como bem disse o grande filósofo Olavo de Carvalho: "No incipiente capitalismo brasileiro, as grandes empresas são quase sempre sócias do Estado, o único cliente que pode remunerá-las à altura dos serviços que prestam. Por isso elas acabam se incorporando ao ‘‘estamento burocrático’ de que falava Raymundo Faoro: o círculo dos ‘donos do poder’, que fazem da burocracia estatal o instrumento dócil dos seus interesses grupais, em vez da máquina administrativa impessoal e científica, que ela é nas democracias normais.3"

O Estamento brasileiro, o establishment Norte Americano e os três blocos de poder que há no mundo; Eurasianismo, Nova Ordem Mundial e o Movimento Islâmico. Todos esses ambiciosos e malignos sonhos de hegemonia do poder, que são totalitaristas ao ponto de deixar os imperadores romanos no chinelo, visam a controlar muito mais do que o pensamento humano, mas o imaginário e suas futuras ações sociais. Os regimes, as ideias, os projetos, as ações, tudo isso teve um aspecto inicial: sonho. Sonhar hoje o que faremos amanhã, sonhar grande e nunca parar, assim, esses projetos utópicos de poder estatal, têm a pura megalomania como estrutura de ação.

É um sonho onde Caronte leva o Estado num longo rio de sangue humano, rumo ao seu paraíso, que é a tão famigerada Metrópoles4 estatal. Onde não há religião - incluindo a fé Católica-, não há sentimentos humanos, não há opiniões, não há jardins, não há arquitetura clássica, enfim, não há liberdade alguma nesse sonho estatal. É sem sombra de dúvidas o sonho negro do Estado, onde Roma é invertida e tida como o paraíso ideológico de esquerda. O sonho na verdade é pesadelo.

Continua...

Bibliografia:

1. Igreja e Estado, publicado em 7 de novembro de 1960.
2. O Estado megatério, publicado em 11 de julho de 1959.
3. Basta! Fora!, publicado em 11 de junho de 2015. 
4. Metrópolis ( título original: Metropolis); filme alemão de ficção científica lançado em 1927, dirigido pelo cineasta austríaco Fritz Lang. Futuramente irei explicar melhor sobre essa citação no texto.

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